Estava procurando uma imagem para ver se ela traria consigo a inspiração e as palavras que eu precisava para escrever um texto; não sei se essa aí é a mais indicada de todas, porém, de algum modo, ela vai servir para ilustrar bem. Nem era bem uma flor que eu procurava, era sim uma pessoa olhando o mar ou o por do sol, ou (e de preferência) as duas coisas juntas, curiosamente não achei nenhuma que me agradasse e decidi procurar aleatoriamente uma imagem, encontrei o girassol.Pela primeira vez no dia essa imagem simples fez brotar em meus lábios um sorriso, uma sensação de bem estar e ficou claro como água que era preciso usar o girassol nas minhas comparações. Às vezes, não é sempre, gosto de usar coisas simples para explicar outras mais complexas, ou sentimentos na maior parte das vezes; quem sabe assim as soluções não aparecem mais facilmente?
O fato é que olhando para a figura do girassol comecei a devanear a respeito do que ele significava para mim, do que eu sabia sobre ele e cheguei a conclusão que de fato, não sei nada a respeito dele, ou quase nada, mas deixemos isso para daqui a pouco. O que eu soube na hora, era a impressão que ele me causava, a forma como ele me afetava que é mais ou menos assim: sempre achei o Girassol uma flor bonita, não a mais bonita de todas, mas imponente de alguma forma, até majestoso, é impossível passar por um único girassol – pode ser até numa dessas barraquinhas de flores da rua – e não notar a sua presença lá; então o girassol atrai olhares para si, mais que isso, provoca a proximidade; por ser uma flor grande, atrai milhares de insetos que tiram dele o seu sustento verdadeiramente.
Seguindo essa mesma linha de raciocínio, ele também não é uma flor solitária, nunca se vê na natureza apenas um girassol perdido no meio do campo, ele está sempre rodeado por outros iguais à ele. Iguais e distintos ao mesmo tempo, pois nenhum deles é igual ao outro, cada um tem uma particularidade, uma marca, um que quer que seja que o torna único e especial. É uma habilidade incrível, até porque, nunca se vê um girassol próximo demais de outro, nem longe demais também; ele sabe a distância exata que deve ficar: o suficiente para permitir que o outro se desenvolva por si mesmo, que crie raízes, que tenha sua própria vida e liberdade; por outro lado, ele nunca se afasta demais do seu “companheiro” do lado dando-lhe apoio, conforto e suprindo suas necessidades e carências muitas das vezes. Em resumo, o girassol sabe respeitar!
Só tem uma coisa que eu sei sobre o girassol e é precisamente o que mais me impressiona nele; apesar de ter suas raízes na terra, ele não está verdadeiramente preso, ele é capaz de girar em torno de si mesmo quantas vezes quantas forem necessárias em busca do sol. Ele está sempre voltado para o que lhe dá luz, calor, condições de sobrevivência, alegria, enfim, o girassol nunca está perdido; ele sempre sabe exatamente para onde se voltar, o que buscar, o que lhe faz bem, o que lhe faz produtivo, o que lhe faz vivo.
O girassol nunca está perdido! Não me entenda mal, mas agora me deu inveja do girassol, porque nós, seres humanos, muitas vezes passamos a vida tentando encontrar as mais variadas coisas: Deus ou uma Força Superior (seja qual for o nome dado); amigos; companheiros, amores; mas acima de tudo, tentando encontrar a nós mesmos.
Duvido mesmo que alguém passe a vida toda sem que ao menos uma dessas questões lhes passem pela cabeça, sem que se busque qualquer uma dessas coisas. E quando menos se espera ou quando menos se precisa, é justamente quando somos acometidos por uma dessas “crises existenciais”, onde nos misturamos ao campo de girassóis e não conseguimos nos definir ou nossa localização.
É aí também que procuramos a ajuda daquele girassol que esta mais próximo, o que é de fato uma faca de dois gumes, se esse não souber distinguir que precisamos de um apoio e não que ele faça por nós mesmos, se ele não souber dar o nosso espaço para que possamos nos desenvolver, corremos o risco de nos tornar deficientes de afetos, de emoções, de atitudes, em vários sentidos, pode fazer com que falte uma parte de nós mesmos.
De tudo isso o que eu acho importante é que aprendamos com os girassóis a ter sim nossas raízes aprofundadas, se voltarmos para nós mesmos e buscarmos o que era importante para nós quando criança, acharemos também a base e o fundamento de nossas raízes; entretanto a criança evolui e assim como o girassol deve voltar-se para o que lhe dá vida, para o que lhe faz bem, independente de quantas vezes seja necessário que se dê essa volta a cerca de nós mesmos. É preciso aprender a ter a humildade do girassol.
Também precisamos aprender que nunca seremos uma flor sozinha no campo, sempre haverá aqueles ao nosso redor e que da mesma forma que somos diferentes entre nós mesmos, assim também somos semelhantes e carentes uns dos outros. E seremos muito importantes na vida desses próximos, ainda que, por circunstâncias da vida, não cheguemos a saber disso; por vezes é daqueles que menos esperamos que vem as mais doces palavras e o mais sólido apoio, por isso a recíproca também é verdadeira e os próximos serão sempre importantes na nossa vida. É necessário que aprendamos que somente com respeito, apenas quando soubermos dar espaço e, ao mesmo tempo, proximidade, ambos na medida certa; que tenhamos sabedoria o suficiente para distinguir que podemos apoiar o outro, mas nunca andar por ele; aprenderemos a arte do bem viver, assim como o girassol a pratica.
Acho que da mesma forma que o girassol atrai para si, mesmo sem querer, olhares, coisas e pessoas; assim também não podemos nos esquivar dos olhares, coisas e pessoas que atraímos sob pena de perdermos a nós mesmos. É nos assumindo como somos e buscando para nós as qualidades e lições singelas dessa simples flor que encontraremos o caminho para nossas realizações e anseios mais profundos.
Fica aqui o convite, para uma reflexão maior e mais profunda, para que ache em si mesmo suas próprias comparações, a força do girassol e seu próprio sol.
2 comentários:
q texto phoda !!!
parabéns bia
tantas coincidencias entre seu texto e a real life... enfim mto bom
é miga, tu estavas inspirada!
hehehe
fascinante o texto, parabéns mesmo!
xD
e de fato, estavamos em sintonia, mtu do que tu disse, foi o que eu quis expressar lá tb!
te amo
beijos
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