Sabe aquela sensação de estar no alto da Roda Gigante, de olhos fechados e pensando em milhares de coisas, mas uma frase em especial não sai de sua mente: “Por que eu resolvi subir nessa geringonça?!”; daí como se já não fosse pouco, seu estômago resolve te lembrar, naquele exato momento, que ele existe e que aquele cachorro-quente que você comeu alguns minutos atrás, agora não parece tão gostoso.Afinal você sabia muito bem que tinha medo de altura, que não confiava naquele bando de ferros presos apenas pelo centro, aquelas vigas eram pequenas e fracas para segurar uma coisa tão grande e pesada, ainda mais agora com milhares de pessoas lá, sentada em cadeirinhas que balançam conforme o movimento. E essa música irritante? Será que essa é uma máquina de tortura onde as pessoas, lerdas como nós, voluntariamente ingressam?
Mas daí alguma coisa acontece, por um instante quando você acha que tudo está perdido e que não seria surpresa agora se aquela “trava de segurança” abrisse e você fosse vomitado para fora da cadeirinha-dançante, um toque quente e macio na sua mão (que, diga-se de passagem, estava uma pedra de gelo) faz o mundo dar uma pausa; todos aqueles questionamentos desaparecem e tudo o que você sente é aquele toque e a brisa que teima em bagunçar seus cabelos.
Daí uma voz, mas não uma voz qualquer, uma voz amiga e consoladora, velha conhecida se faz ouvir:
- Heyy sua boba, não vai abrir os olhos?
Começa então uma verdadeira luta interna entre o que você deve fazer (abrir os olhos) e aquilo, que você jura por tudo que lhe é mais sagrado, que não é capaz de fazer. E todos aquelas perguntas sem resposta de antes, as sensações... enfim, tudo que você sabe que é perfeitamente explicável e que se analisado friamente faz todo sentido do mundo?
Mas daí aqueles dedinhos se apertam novamente na sua mão que a essa altura dos acontecimentos, já não estão mais tão frias e sem qualquer explicação lógica e cabível, simplesmente você abre os olhos.
O que se segue é um misto de felicidade, terror e alguma outra coisa que não se sabe bem explicar. Felicidade porque finalmente você abriu os olhos e pode observar tudo que havia de mais maravilhoso naquela experiência e que você estava perdendo simplesmente porque não queria abrir os olhos. É quando entra o terror, só então você se dá conta de que o medo paralisa, te leva a pensar e até a encontrar razões para justificar suas atitudes! O que é um tanto contraditório eu sei, já que descobriu que o medo paralisa, descobriu também que tem medo de ter medo; mas descobriu também que é preciso sempre ser mais forte do que ele e a reconhecê-lo o quanto antes e a lutar contra ele.
E quanto ao outro sentimento que você não sabe explicar, se resume muito bem naquela mão que está nas suas, naquele sorriso que agora te é oferecido, naquela voz que te fez acordar, na segurança que te foi passada, na fé que te foi depositada e acima de tudo na certeza de que não estava sozinha naquela aventura insana. Esse sentimento tem nome sim, chama-se amizade!
Amizade... sentimento raro, talvez encontrado por alguns poucos sortudos no mundo. Amigo mesmo não tem formula, não pode ser comprado, não vem com etiqueta na testa nem com data de validade. Ele não vai sorrir o tempo todo, nem chorar o tempo todo, tampouco vai te agradar o tempo todo. Muitas vezes ele vai ser o chato que te sacode pra você acordar para a vida, que te força a fazer aquilo que não quer, que briga com você mesmo tendo certeza que vais ficar com raiva dele na hora.
E por que então você acha que justo essa pessoa é tua amiga? Porque só ela é capaz de te ouvir horas seguidas, a mesma conversa mole de todos os dias; porque só ela parece ter bola de cristal pra adivinhar no teu “oi” que, apesar do sorriso, você está morrendo por dentro; porque só ela é capaz de ficar até as 2hs da manhã, mesmo morrendo de sono, só porque você pediu; que tem os ombros molhados de tuas lágrimas e nunca sequer te jogou isso na cara, nem nunca contou pra ninguém.
E se isso não bastar, ela é tua amiga simplesmente porque você a ama e tem certeza que ela também te ama, apesar de vocês serem quem são, com qualidades e defeitos, com dúvidas e inconstâncias, mas acima de tudo: com carinho, devoção, amor e fidelidade!
A roda gigante começa a descer, ela ainda vai dar algumas voltas até chegar ao seu fim, pena porque agora estava começando a gostar da brincadeira; mas feliz, porque em apenas alguns minutos você fez milhares de descobertas sobre você, sobre a vida e sobre como é bom simplesmente estar ali, com tua amiga ao lado!
Um comentário:
Ahhhhhh
primeiro a postar!
Adorei o texto Bia!
Estou vendo que voce nao vai abandonar isso aqui! =D
continue escrevendo amiga!
bjks!
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