quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Diversão x Responsabilidade ?!


Sabe esses pensamentos que invadem nossa mente sem pedir licença nos momentos mais inusitados? Quando a gente não tem está pensando em coisas totalmente diferentes, ou no meu caso, pensando em nada e daí essa coisinha incômoda chamada pensamento se manifesta? Pois é, aconteceu de novo comigo ontem, bem no finzinho do feriadão. Eu já estava feliz, achando que pelo menos dessa vez conseguiria sair ilesa desse raro momento de descanso em meio ao ano letivo; mas que nada, quando eu menos esperava.... aconteceu de novo.

Eu estava quietinha no meu canto, assistindo um espetáculo de dança, afinal, quem me conhece sabe que é uma das várias formas de arte que eu aprecio sem moderação; não posso negar que estava muito bonito, povo dançando horrores lá no palco, uma verdadeira festa de luz, cor e lantejoulas; agradável aos olhos e aos ouvidos. Me envolvi com o que estava acontecendo e simplesmente me deixei levar, é nessas horas que a gente se desliga dos problemas, dos barulhos, das chateações e se retira pra si mesmo.

Comecei a notar em mais do que apenas as coreografias que iam sendo apresentadas, resolvi começar a notar na expressão de cada um que dançava; as que estavam mais preocupadas em não errar os passos ou em não esquecer a coreografias eram logo notadas: rostos fechados, sem sorrisos ou com aqueles forçados (que na minha humilde opinião era melhor nem existir), ombros enrijecidos e pra ser bem sincera, são as que têm mais tendência a errar. Em outro extremo, tinha também aqueles que nem sabiam o porquê de estarem dançando: faziam os passos de qualquer jeito, sem expressão alguma exceto um tremendo ponto de interrogação na testa, incapazes de ficarem chateados, mesmo se caíssem do palco.

Entre um e outro, vieram aqueles que receberam minha admiração, meu respeito e o meu aplauso: vieram aqueles que estavam visivelmente alegres por estarem dançando; preocupados em manter o ritmo e acertar os passos sim, mas deixando transparecer claramente o quão felizes estavam por estarem dançando entre amigos, músicas alegres, roupas divertidas, sentindo-se bem e bonitas pelo simples fato de estarem fazendo aquilo que gostam. Em outras palavras, estavam se divertindo, simplesmente isso!

Descobri que quando as pessoas lá “desistiam” de dançar e começavam a se divertir tudo fluía melhor e mais bonito, mais leve, mais envolvente, verdadeiramente digno de ser chamada arte. Voltei para casa incomodada com esse pensamento: afinal de contas, será possível que quando se tem responsabilidade por algo a diversão fica então excluída? O peso de fazer com que tudo saia bem, bonito e perfeito, sem manchas nem máculas, sem sequer um borrão; faz com que as pessoas se esqueçam da razão primeira que as levaram até ali?

A principio achei que sim, o que confesso, me deixou triste e desgostosa; mas depois, pensando bem no assunto, um fiozinho de esperança começou a querer despontar no horizonte. Porque quando se gosta mesmo de alguma coisa, nesse caso a dança, faz-se o possível e o impossível pra estar sempre envolvido com aquilo, sempre buscando novidades, procurando se aperfeiçoar o máximo, praticando sempre que possível, pesquisando; enfim, vivendo essa paixão de corpo e alma.

De certa forma, cria-se responsabilidade consigo mesmo e com o objeto de sua paixão; mas não uma forçada, repressiva, não é algo pesado e limitador; muito pelo contrário, é uma responsabilidade que liberta, que voa, que faz sentir vivo, prazerosa... aquela em que não nos importamos de ter e de carregar, porque não é um fardo, mas um motivo para viver!

Ao finalizar esse texto, trago o coração mais leve e mais reconfortado; descobri que por mais escondido que esteja, todo mundo tem uma paixão a que se dedica e que, em última instância, dá um motivo para viver. Talvez ela seja inconstante, talvez se modifique com o passar dos anos, mas certamente eleva nossa alma, nos faz plenos, felizes! Seria uma pessoa horrível se não desejasse ao final de tudo que cada um dos leitores que tiveram a paciência de chegar até aqui que se apaixonem sempre que possível e que, com isso, sejam imensamente felizes!!!

sábado, 10 de novembro de 2007

Amigos Anjos





A comparação é mais do que batida, acho que todo mundo por aqui já leu algum texto, mensagem, e-mail ou música que diz que verdadeiros amigos são anjos em nossas vidas; alguns vão achar piegas, mas bem no fundo, se cada um examinar a si mesmo, vai poder se lembrar de que pelo menos uma vez na vida, por um breve instante, teve um amigo a quem pode chamar de anjo.

Não tenho pretensões teológicas, portanto, esqueçam toda a aula sobre anjos que poderia passar pelas suas mentes, primeiro porque não tenho tanto conhecimento assim sobre o assunto e segundo porque seria realmente chato e fugiria totalmente ao nosso propósito aqui. Vamos falar dos anjos do senso comum, aqueles de lindos cabelinhos cacheados, dourados e reluzentes como o ouro, aqueles que têm um rosto de pureza e de candura que chegam a enfeitiçar, de quem se tem vontade de apertar as bochechinhas; mas acima de tudo aqueles capazes apenas de amar.

Não dá pra imaginar um anjo fazendo uma maldade, nem mesmo uma traquinagem; exceto talvez o cupido, mas esse nem anjo era! Fato é que anjo mesmo, aquele com A maiúsculo, é aquele capaz de proteger, de confortar, de aquecer o coração sem nem precisar de palavras, apenas com pequenos gestos; pode nos fazer rir apenas com sua presença. Posso ir ainda mais longe e ser um tanto mais ousada, posso dizer que muitas vezes eles nos fazem rir apenas por lembrarmos que eles existem, que nos amam como somos, sem tentar nos modificarem e que podemos contar com esse apoio incondicional a qualquer hora, em qualquer lugar.

É curioso eu dizer uma coisa dessas, não por maldade, talvez por superproteção, fui ensinada que amigos verdadeiros são apenas aquelas pessoas que moram com você, ou seja, meus pais e meus irmãos; quando se é criança, não se tem outra escolha senão aceitar aquilo que nos dizem como verdades e até certo ponto, eu cresci acreditando nisso. O que eu nunca percebi é que com isso acabava afastando as pessoas que por acaso buscavam chegar mais próximas a mim. A partir de um determinado momento pensar assim se tornou muito solitário, mas por hábito continuei pensando assim.

Foi preciso encontrar alguns desses anjos em minha vida, não precisam ter nomes, eles sabem quem são (ao menos eu espero que saibam, com certeza, todos sabem que eu os amo de coração); basta apenas que se diga que cada um deixa a minha vida um pouco mais colorida, mais bonita, mais perfumada, mais amável ou pelo menos, menos amarga e hostil. Assim como os anjos, a maioria deles está longe de mim, eu raramente ou nunca os vejo; são para mim muito mais um sentimento, um contentamento, uma memória e até uma saudade do que uma presença real; entretanto nunca duvidei nem por um segundo, de sua presença junto a mim.

Afinal, é esse estar junto que me faz forte para enfrentar alguns momentos difíceis, muitas vezes chego a escutar a voz deles me dando força ou me aconselhando; que me motiva a fazer determinadas coisas ou a tomar determinadas decisões. Meus anjos lutam para não me ver cair, mas se for preciso, eles me deixam esborrachar de bumbum no chão, tendo apenas a certeza de que estarão ao meu lado e estenderão a mão para ajudar a levantar; tem sempre uma palavra de consolo e um gesto de carinho que é possível sentir de longe, ao mesmo tempo também já me sacudiram, me falaram verdades doloridas, mas nunca mentiram para mim. Não são capazes de me dizer coisas para me agradar, preferem secar as minhas lágrimas, mas me dizer a verdade!

Porém há uma coisa de diferente, com meus anjos amigos eu posso conversar e esperar resposta, posso abraçar e me sentir abraçada de volta, posso dar um beijo, fazer um cafuné, e receber tudo isso de volta; com meus anjos amigos, há reciprocidade, há cumplicidade. Isso sem falar nos olhares, os olhos são espelhos da alma já disse algum poeta por aí e isso deve ser bem verdade, porque o olhar de um anjo amigo é mais ferino e cortante que o mais afiado dos punhais ou, ao contrário, é capaz de lavar a alma, encher nossos olhos de lágrimas de alegria.

Faço uma pausa aqui, sinto que fui injusta alguns parágrafos acima e também parece que disse algo em tom de lamentação, quando na verdade, não foi bem assim. Não me arrependo de ter crescido da forma como o fiz, nem de ter tido poucos amigos fora de casa; foi graças a essa minha criação que sou o que sou hoje e que posso m e dar ao luxo de ter amigos anjos. Meus pais e meus irmãos, posso dizer que são mais do que meus anjos, são meus Arcanjos!

Acho que já me alonguei demais; espero que tenha sorrido ao lembrar-se daquele anjo que há tempos você não vê, nem fala; mas que jamais será esquecido e que ainda pode sentir perto de você. Ou ao contrário, que tenha se emocionado ao descobrir que pode se considerar um anjo para alguém. E só para não perder o hábito, fica a proposta de ter como um dos objetivos, ser um anjo na vida de alguém!



sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Tempo... tempo... tempo.... tempo

Eu sabia quando fiz esse blog que acabaria por deixá-lo de lado mediante o corre-corre da vida diária. Desde que o fiz, minha vida mudou completamente, se transformou como a lagarta em borboleta...

Uma amiga querida me fez buscá-lo novamente, e espero em breve ter inspiração e tempo para voltar a escrever, eram apenas pensamentos, mas alguns que eu gostava de dividir com o mundo e acima de tudo, gostava de não sufocá-los e deixá-los morrer dentro de mim!

Beijos a todos.... em breve estarei de volta!

terça-feira, 29 de maio de 2007

Girassol

Estava procurando uma imagem para ver se ela traria consigo a inspiração e as palavras que eu precisava para escrever um texto; não sei se essa aí é a mais indicada de todas, porém, de algum modo, ela vai servir para ilustrar bem. Nem era bem uma flor que eu procurava, era sim uma pessoa olhando o mar ou o por do sol, ou (e de preferência) as duas coisas juntas, curiosamente não achei nenhuma que me agradasse e decidi procurar aleatoriamente uma imagem, encontrei o girassol.

Pela primeira vez no dia essa imagem simples fez brotar em meus lábios um sorriso, uma sensação de bem estar e ficou claro como água que era preciso usar o girassol nas minhas comparações. Às vezes, não é sempre, gosto de usar coisas simples para explicar outras mais complexas, ou sentimentos na maior parte das vezes; quem sabe assim as soluções não aparecem mais facilmente?

O fato é que olhando para a figura do girassol comecei a devanear a respeito do que ele significava para mim, do que eu sabia sobre ele e cheguei a conclusão que de fato, não sei nada a respeito dele, ou quase nada, mas deixemos isso para daqui a pouco. O que eu soube na hora, era a impressão que ele me causava, a forma como ele me afetava que é mais ou menos assim: sempre achei o Girassol uma flor bonita, não a mais bonita de todas, mas imponente de alguma forma, até majestoso, é impossível passar por um único girassol – pode ser até numa dessas barraquinhas de flores da rua – e não notar a sua presença lá; então o girassol atrai olhares para si, mais que isso, provoca a proximidade; por ser uma flor grande, atrai milhares de insetos que tiram dele o seu sustento verdadeiramente.

Seguindo essa mesma linha de raciocínio, ele também não é uma flor solitária, nunca se vê na natureza apenas um girassol perdido no meio do campo, ele está sempre rodeado por outros iguais à ele. Iguais e distintos ao mesmo tempo, pois nenhum deles é igual ao outro, cada um tem uma particularidade, uma marca, um que quer que seja que o torna único e especial. É uma habilidade incrível, até porque, nunca se vê um girassol próximo demais de outro, nem longe demais também; ele sabe a distância exata que deve ficar: o suficiente para permitir que o outro se desenvolva por si mesmo, que crie raízes, que tenha sua própria vida e liberdade; por outro lado, ele nunca se afasta demais do seu “companheiro” do lado dando-lhe apoio, conforto e suprindo suas necessidades e carências muitas das vezes. Em resumo, o girassol sabe respeitar!

Só tem uma coisa que eu sei sobre o girassol e é precisamente o que mais me impressiona nele; apesar de ter suas raízes na terra, ele não está verdadeiramente preso, ele é capaz de girar em torno de si mesmo quantas vezes quantas forem necessárias em busca do sol. Ele está sempre voltado para o que lhe dá luz, calor, condições de sobrevivência, alegria, enfim, o girassol nunca está perdido; ele sempre sabe exatamente para onde se voltar, o que buscar, o que lhe faz bem, o que lhe faz produtivo, o que lhe faz vivo.

O girassol nunca está perdido! Não me entenda mal, mas agora me deu inveja do girassol, porque nós, seres humanos, muitas vezes passamos a vida tentando encontrar as mais variadas coisas: Deus ou uma Força Superior (seja qual for o nome dado); amigos; companheiros, amores; mas acima de tudo, tentando encontrar a nós mesmos.

Duvido mesmo que alguém passe a vida toda sem que ao menos uma dessas questões lhes passem pela cabeça, sem que se busque qualquer uma dessas coisas. E quando menos se espera ou quando menos se precisa, é justamente quando somos acometidos por uma dessas “crises existenciais”, onde nos misturamos ao campo de girassóis e não conseguimos nos definir ou nossa localização.

É aí também que procuramos a ajuda daquele girassol que esta mais próximo, o que é de fato uma faca de dois gumes, se esse não souber distinguir que precisamos de um apoio e não que ele faça por nós mesmos, se ele não souber dar o nosso espaço para que possamos nos desenvolver, corremos o risco de nos tornar deficientes de afetos, de emoções, de atitudes, em vários sentidos, pode fazer com que falte uma parte de nós mesmos.

De tudo isso o que eu acho importante é que aprendamos com os girassóis a ter sim nossas raízes aprofundadas, se voltarmos para nós mesmos e buscarmos o que era importante para nós quando criança, acharemos também a base e o fundamento de nossas raízes; entretanto a criança evolui e assim como o girassol deve voltar-se para o que lhe dá vida, para o que lhe faz bem, independente de quantas vezes seja necessário que se dê essa volta a cerca de nós mesmos. É preciso aprender a ter a humildade do girassol.

Também precisamos aprender que nunca seremos uma flor sozinha no campo, sempre haverá aqueles ao nosso redor e que da mesma forma que somos diferentes entre nós mesmos, assim também somos semelhantes e carentes uns dos outros. E seremos muito importantes na vida desses próximos, ainda que, por circunstâncias da vida, não cheguemos a saber disso; por vezes é daqueles que menos esperamos que vem as mais doces palavras e o mais sólido apoio, por isso a recíproca também é verdadeira e os próximos serão sempre importantes na nossa vida. É necessário que aprendamos que somente com respeito, apenas quando soubermos dar espaço e, ao mesmo tempo, proximidade, ambos na medida certa; que tenhamos sabedoria o suficiente para distinguir que podemos apoiar o outro, mas nunca andar por ele; aprenderemos a arte do bem viver, assim como o girassol a pratica.

Acho que da mesma forma que o girassol atrai para si, mesmo sem querer, olhares, coisas e pessoas; assim também não podemos nos esquivar dos olhares, coisas e pessoas que atraímos sob pena de perdermos a nós mesmos. É nos assumindo como somos e buscando para nós as qualidades e lições singelas dessa simples flor que encontraremos o caminho para nossas realizações e anseios mais profundos.

Fica aqui o convite, para uma reflexão maior e mais profunda, para que ache em si mesmo suas próprias comparações, a força do girassol e seu próprio sol.

domingo, 20 de maio de 2007

Roda Gigante

Sabe aquela sensação de estar no alto da Roda Gigante, de olhos fechados e pensando em milhares de coisas, mas uma frase em especial não sai de sua mente: “Por que eu resolvi subir nessa geringonça?!”; daí como se já não fosse pouco, seu estômago resolve te lembrar, naquele exato momento, que ele existe e que aquele cachorro-quente que você comeu alguns minutos atrás, agora não parece tão gostoso.

Afinal você sabia muito bem que tinha medo de altura, que não confiava naquele bando de ferros presos apenas pelo centro, aquelas vigas eram pequenas e fracas para segurar uma coisa tão grande e pesada, ainda mais agora com milhares de pessoas lá, sentada em cadeirinhas que balançam conforme o movimento. E essa música irritante? Será que essa é uma máquina de tortura onde as pessoas, lerdas como nós, voluntariamente ingressam?

Mas daí alguma coisa acontece, por um instante quando você acha que tudo está perdido e que não seria surpresa agora se aquela “trava de segurança” abrisse e você fosse vomitado para fora da cadeirinha-dançante, um toque quente e macio na sua mão (que, diga-se de passagem, estava uma pedra de gelo) faz o mundo dar uma pausa; todos aqueles questionamentos desaparecem e tudo o que você sente é aquele toque e a brisa que teima em bagunçar seus cabelos.

Daí uma voz, mas não uma voz qualquer, uma voz amiga e consoladora, velha conhecida se faz ouvir:

- Heyy sua boba, não vai abrir os olhos?

Começa então uma verdadeira luta interna entre o que você deve fazer (abrir os olhos) e aquilo, que você jura por tudo que lhe é mais sagrado, que não é capaz de fazer. E todos aquelas perguntas sem resposta de antes, as sensações... enfim, tudo que você sabe que é perfeitamente explicável e que se analisado friamente faz todo sentido do mundo?

Mas daí aqueles dedinhos se apertam novamente na sua mão que a essa altura dos acontecimentos, já não estão mais tão frias e sem qualquer explicação lógica e cabível, simplesmente você abre os olhos.

O que se segue é um misto de felicidade, terror e alguma outra coisa que não se sabe bem explicar. Felicidade porque finalmente você abriu os olhos e pode observar tudo que havia de mais maravilhoso naquela experiência e que você estava perdendo simplesmente porque não queria abrir os olhos. É quando entra o terror, só então você se dá conta de que o medo paralisa, te leva a pensar e até a encontrar razões para justificar suas atitudes! O que é um tanto contraditório eu sei, já que descobriu que o medo paralisa, descobriu também que tem medo de ter medo; mas descobriu também que é preciso sempre ser mais forte do que ele e a reconhecê-lo o quanto antes e a lutar contra ele.

E quanto ao outro sentimento que você não sabe explicar, se resume muito bem naquela mão que está nas suas, naquele sorriso que agora te é oferecido, naquela voz que te fez acordar, na segurança que te foi passada, na fé que te foi depositada e acima de tudo na certeza de que não estava sozinha naquela aventura insana. Esse sentimento tem nome sim, chama-se amizade!

Amizade... sentimento raro, talvez encontrado por alguns poucos sortudos no mundo. Amigo mesmo não tem formula, não pode ser comprado, não vem com etiqueta na testa nem com data de validade. Ele não vai sorrir o tempo todo, nem chorar o tempo todo, tampouco vai te agradar o tempo todo. Muitas vezes ele vai ser o chato que te sacode pra você acordar para a vida, que te força a fazer aquilo que não quer, que briga com você mesmo tendo certeza que vais ficar com raiva dele na hora.

E por que então você acha que justo essa pessoa é tua amiga? Porque só ela é capaz de te ouvir horas seguidas, a mesma conversa mole de todos os dias; porque só ela parece ter bola de cristal pra adivinhar no teu “oi” que, apesar do sorriso, você está morrendo por dentro; porque só ela é capaz de ficar até as 2hs da manhã, mesmo morrendo de sono, só porque você pediu; que tem os ombros molhados de tuas lágrimas e nunca sequer te jogou isso na cara, nem nunca contou pra ninguém.

E se isso não bastar, ela é tua amiga simplesmente porque você a ama e tem certeza que ela também te ama, apesar de vocês serem quem são, com qualidades e defeitos, com dúvidas e inconstâncias, mas acima de tudo: com carinho, devoção, amor e fidelidade!

A roda gigante começa a descer, ela ainda vai dar algumas voltas até chegar ao seu fim, pena porque agora estava começando a gostar da brincadeira; mas feliz, porque em apenas alguns minutos você fez milhares de descobertas sobre você, sobre a vida e sobre como é bom simplesmente estar ali, com tua amiga ao lado!

terça-feira, 15 de maio de 2007

Saudades....


Não é sempre que a gente está disposto a escrever, sei disso tão bem quanto qualquer um que escreve pelos mesmos motivo que eu: pra desabafar, tentar organizar os pensamentos, mas acima de tudo, quem escreve por impulso! Já faz alguns dias que eu estou pensando nessa palavra tão simples e que ao mesmo tempo nos remete a uma profusão de sentimentos no mínimo intensos, confusos e até contraditórios.

O processo é mais ou menos assim: de alguma forma no cotidiano alguma coisa ou alguém se destaca e começa a crescer dentro de mim, tal qual uma bola de neve que rola montanha abaixo aumentando de tamanho cada vez que completa seu ciclo; em certo momento torna-se insuportável guardá-lo por mais tempo e de alguma forma tem que ser expandido, exposto. Como pode ser muito confuso e intenso, tento reduzir a uma palavra apenas, numa tentativa de simplificar algo complexo. Daí eu procuro uma imagem que possa traduzir tal palavra e ao mesmo tempo, que possa me indicar por onde começar a escrever.

Posso pensar em mil coisas, procurar de várias formas diferentes, mas só há uma explosão mental quando os olhos batem Naquela figura; é como se nela residisse todo o mistério que até então não sei explicar nem descrever em palavras. É como se de repente as idéias ficassem claras, abrem-se as cortinas da mente e você percebe que numa das paredes ocultadas pelo breu estava o texto pronto; ele sai como num “vomitado” intenso e de uma vez só. O melhor de tudo é que no final ele não só faz sentido como tenho a sensação de que foi uma das melhores produções que já tinha feito até então.

Não, eu não estou totalmente louca, sei que o titulo ainda não fez o menor sentido, assim como sei que não está interessado num manual de auto-ajuda; nem é esse o meu propósito, mas dessa vez, era importante que o leitor tivesse ciência disso. Porque dessa vez o processo foi rápido e estava (ainda está na verdade) gritando dentro de mim essa simples palavrinha.

Fazem mais ou menos 3 ou 4 dias que uma máxima da sabedoria popular não sai da minha mente “a gente só dá valor ao que tem quando perde”, eu detesto, mas vou ter que concordar dessa vez. Ao contrario do que pode estar pensando, é muito menos mórbido, pelo menos dessa vez! Ninguém morreu nem está nas últimas, nenhum amigo querido ou parente vai se mudar pro outro lado do mundo, também não briguei com ninguém a ponto de cortar relações; apenas estou sentindo falta de algo subitamente retirado do meu dia-a-dia.

Sentimento engraçado esse que é bom e ruim ao mesmo tempo! Parece contraditório eu sei, incompatível, mas não é; muito pelo contrário, os termos dessa contradição caminham de mãos dadas lado a lado. É ruim porque ninguém gosta de ficar longe de quem se ama, ou pelo menos, de quem se gosta muito, é angustiante, frustrante, um horrível sentimento de impotência se aloja em nós e a maior parte do tempo só dá vontade mesmo é de se recolher, ficar deitado quietinho, debaixo de um edredom assistindo filmes no melhor estilo “sessão da tarde” na televisão de preferência comendo pipoca ou tomando vinho. Até que o tempo, que cura todos os males, ou que pelo menos os faz adormecer, agir e transformar esse imenso vazio numa saudade gostosa.

Difícil é olhar pela janela e ver que a cidade é enorme, em algum lugar num daqueles pontinhos brilhantes de luz está a causa de ter saudades, mesmo assim não se pode adivinhar em qual e muitas vezes nem se pode ir em busca dela. Somos martirizados pelo simples fato de sabermos de sua existência. A janela do quarto torna-se ao mesmo tempo amiga e inimiga, confidente e carrasca; mas é através dela que a dor ameniza, ainda que minimamente. Mas nem tudo está perdido...

Por outro lado se há a possibilidade, ainda que remota, de matar essa saudade ela se torna boa, se transforma num outro sentimento chamado esperança, capaz de operar milagres. Passa-se a outro estágio, o da ansiedade (e haja caixa de bombom em casa pra agüentar essa fase!), da euforia de querer fazer tudo ao mesmo tempo, de querer que os minutos passem na velocidade dos segundos e assim por diante. E apesar dele se recusar a passar rápido, quando o momento tão esperado chega, é indescritível e faz valer a pena todo aquele tempo ruim que passou antes (e os quilinhos extras frutos do chocolate).

Um abraço, nada é capaz de vencer tão bem a saudade como o abraço! Sentir o carinho da outra pessoa, o perfume, o calor, tudo o que ele proporciona tão bem apaga qualquer resquício da saudade. A contradição é que não seria assim se não houvesse o afastamento, a dor, a angústia, a ansiedade, o tempo, enfim, se não fosse justamente pela saudade. Estranho pensar nisso, no mínimo confuso; mas é exatamente assim que funciona.

Saudades do que se perdeu, do que nunca se teve, do que poderia ter sido; saudades doída, gostosa, verdadeira, encobridora; de amigos, de amores, de familiares, de tempos, de objetos, de valores... saudades fazem parte daquilo que somos, ajudaram a nos construir; acabei de me dar conta disso. Pra não correr o risco de virar um saudosista e viver de passado e esquecer-se de viver, melhor recorrer às sábias palavras do Poetinha, Vinícius de Moraes: “que não seja imortal posto que é chama, mas que seja eterno enquanto dure.” Ainda que em contextos e matérias diferentes, um de amor e o outro de saudades, as palavras servem; saudades dói, mas o tempo amortece e até apaga, não deixa de ser uma chama em nosso íntimo, e como tal não é forte o suficiente para nos maltratar eternamente.

Fica a reflexão e o desejo de que ela nunca destrua sonhos, mas ao contrário, que ela seja motivadora e sirva de alicerce para vôos ainda mais altos e mais bonitos.